Buscar

15/05/2025 às 08:03, Atualizado em 14/05/2025 às 21:31 2c2t

Cresce o número de crianças registradas sem o nome do pai em MS 5e1o6l

Além da ausência paterna, os registros em Mato Grosso do Sul também evidenciam outro cenário social: o crescimento de famílias formadas por duas mães.

A cada ano, muitas crianças nascem em Mato Grosso do Sul e deixam o hospital com uma lacuna em um dos campos mais importantes de sua certidão de nascimento: o nome do pai. Dados dos Cartórios de Registro Civil revelam que, desde 2020, mais de 14 mil recém-nascidos foram registrados apenas com o nome da mãe no Estado.

Só em 2024, esse número já se aproxima de 2,8 mil registros, um crescimento de 2,2% em relação a 2023, quando 2.690 crianças foram registradas sem o nome paterno. Desde o início da série histórica recente, os números pouco oscilaram, mostrando que esse é um fenômeno persistente:

2020: 2.597

2021: 2.644

2022: 2.649

2023: 2.690

2024: 2.750

Os dados estão disponíveis na plataforma "Pais Ausentes" do Portal da Transparência do Registro Civil, mantido pela Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen-Brasil).

“Mães em dobro” também crescem

Além da ausência paterna, os registros em Mato Grosso do Sul também evidenciam outro cenário social: o crescimento de famílias formadas por duas mães. De 2020 a 2025, foram registrados 62 casos de dupla maternidade no Estado, refletindo o avanço do reconhecimento legal da diversidade familiar e a busca por cidadania e igualdade de direitos às famílias homoafetivas.

O que dizem os especialistas

Para Marcus Roza, presidente da Arpen/MS, os números expõem dois movimentos sociais em curso: o abandono paterno e o avanço da pluralidade familiar. “Por um lado, ainda vemos muitos registros apenas com o nome da mãe. Por outro, acompanhamos o avanço de famílias formadas por duas mães, fruto de conquistas legais e da evolução social”, destacou.

Roza lembra que, apesar da dor da ausência paterna, a legislação atual facilita o reconhecimento da paternidade, que pode ser feito diretamente em cartório, sem a necessidade de ir à Justiça, desde que haja concordância entre as partes.

“O caminho está aberto para que os pais reconheçam seus filhos de forma simples, rápida e gratuita. Mas ainda é preciso ampliar a conscientização da sociedade sobre a importância desse reconhecimento para a formação da identidade e cidadania da criança”, afirma.

Como regularizar a paternidade

Desde 2012, pais que desejam reconhecer seus filhos podem procurar qualquer Cartório de Registro Civil com a certidão de nascimento da criança. O processo exige apenas a anuência da mãe, caso o filho seja menor de idade. Se o filho for maior, ele próprio deve autorizar.

Quando a mãe deseja indicar o suposto pai, mas não há reconhecimento voluntário, o cartório notifica os órgãos competentes para dar início à investigação de paternidade.

Além disso, desde 2017, também é possível reconhecer a paternidade socioafetiva em cartório — quando uma pessoa cria um filho sem laços biológicos, mas com base no amor e na convivência familiar. Esse reconhecimento é permitido para crianças a partir de 12 anos, desde que haja concordância da família e evidências objetivas do vínculo.

Brasil liderado por São Paulo

Mato Grosso do Sul não está sozinho. O fenômeno se repete em todo o país. Nos últimos cinco anos, São Paulo lidera o ranking nacional, com mais de 146 mil registros apenas com o nome da mãe, seguido por Bahia (69.814), Rio de Janeiro (66.916), Minas Gerais (61.467) e Pará (55.233).

Comentários 2e6k2c

Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site.